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Parte II: Como funcionam os tratamentos de reprodução assistida para a população LGBTQIA+?

Em celebração ao mês de orgulho LGBT, a Genesis realizou em suas redes uma transmissão ao vivo para esclarecer dúvidas quanto ao acesso e particularidades dos tratamentos de Reprodução Assistida.

Dividimos as explicações em duas partes. Na primeira, abordamos os tratamentos para casais homoafetivos masculinos e femininos. Nesta, falaremos sobre casos especiais e pessoas transgênero.

“As conquistas chegam, mesmo que de pouco em pouco. Em 2013, houve a Política Nacional de Assistência à comunidade LGBT; em 2017 veio a nova resolução do CFM. Antes disso, os tratamentos já eram realizados, mas muitas vezes eram atrelados à infertilidade, o que nem sempre é o caso, tanto em pessoas LGBTQIA+ quanto naquelas que têm interesse em formar uma família monoparental, por exemplo, uma produção independente. Não necessariamente ela é infértil, mas são essas as condições sociais e elas têm o direito de constituir suas famílias. Estamos aqui para garantir um direito constitucional”, complementa Maria Eduarda, ginecologista da Genesis.

Casos especiais – Requerem a autorização do Conselho Federal de Medicina. “Existem casais que vão para o exterior em busca da ‘barriga solidária’, porque, no Brasil, cessão temporária de útero é sempre sem fins lucrativos, mas em outros pode haver retorno financeiro”, explica Maria Eduarda.

Transgêneros – O ideal é fazer a preservação de fertilidade antes de iniciar o tratamento hormonal para afirmação de gênero, porque ele pode causar danos tanto em homens quanto em mulheres transgêneros. Essa conscientização deve ser feita em parceria com uma equipe de endocrinologistas.

Caso a pessoa decida engravidar durante o tratamento, ele deve ser suspenso até a normalização do eixo hormonal. “Cada vez mais, pessoas estão transicionando ainda na puberdade, período em que esses tratamentos de preservação da fertilidade são mais difíceis de serem realizados porque, nessa fase, muitos jovens usam bloqueadores hormonais para não passar por transformações do corpo. Acontece que para fazer a estimulação ovariana, no caso de homens trans, por exemplo, ele precisa já ter passado pela puberdade”, explica Maria Eduarda.

Em homens trans, a preservação dos óvulos pode ser feita antes da terapia hormonal. Realiza-se uma estimulação ovariana para captar e congelar os óvulos para uso posterior, caso o próprio homem deseje engravidar ou em uma parceira.

“Homem normalmente produzem espermatozoides de três em três meses. Quando isso não é feito antes, a terapia tem de ser interrompida para tentarmos recuperá-los por meio da aplicação de gonadotrofinas que estimulam essa produção. Psicologicamente, pode ser penoso e nem sempre é garantia de sucesso” alerta Maria Eduarda.

Em mulheres trans, a coleta dos espermatozoides é realizada antes da terapia hormonal, porque o estrogênio e o espironolactona usados no tratamento inibem a estimulação de produção da espermatogênese e podem provocar lesões em cerca de 50% a 70% das pacientes.

O Dr. Nícolas se recorda de atender o caso de um homem trans cuja parceira, por ser mais velha, não podia engravidar. “Conseguimos retirar os óvulos dele, fazer os embriões em laboratório e transferir para o útero dela. Tiveram um casal de gêmeas e estão super felizes. É muito gratificante”, comemora o ginecologista, que também ressalta que casos transgêneros devem sempre ser individualizados.

“Espero que o espaço aumente cada vez mais e que fique claro que estamos aqui para atendê-los e ajudá-los. Não tenham medo. É um assunto polêmico, mas estamos estudando diariamente e as mudanças vêm. Nossas portas estão abertas”, finaliza.

 

Por Gabriela Brito Conversa | Estratégias de Comunicação Integrada