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Quimioterapia e fertilidade: qual a relação?

O câncer é um conjunto de mais de 100 doenças causadas pelo crescimento desordenado de células. A patologia pode atingir todas as regiões do corpo humano e seu tratamento inclui  cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou transplante de medula óssea à depender do tipo. 

O Dia Mundial do Câncer, celebrado em 4 de fevereiro, alerta sobre a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento da patologia, além de chamar a atenção para os fatores de risco. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), aproximadamente 704 mil novos casos dos mais diferentes tipos de câncer deverão ser registrados no Brasil somente neste ano. 

Um dos principais tratamentos na população jovem acometida, a quimioterapia, tem importantes implicações na fertilidade feminina . Devido a esse fato, convidamos a sócia e médica ginecologista do Centro de Assistência em Reprodução Humana – Genesis, Dra. Hitomi Nakagawa, para falar sobre as implicações do tratamento nas mulheres. Confira:

Quimioterapia x Fertilidade Feminina 

De acordo com a especialista, é comum que em determinadas quimioterapias possa ocorrer um atraso da menstruação. As pacientes também podem apresentar insuficiência ovariana  e até menopausa precoce. “Ao contrário da menopausa em torno da quinta década de vida, essa não é uma ocorrência natural no corpo feminino porque ocorre uma destruição de estruturas dinâmicas , como os folículos ovarianos”, diz a médica.

Quanto mais tardiamente ocorre o tratamento abrasivo, ou seja, em faixas etárias mais avançadas, em mulheres que nasceram com menor reserva de óvulos ou consumiram mais rápido seu patrimônio de folículos, pior é o efeito.. “Nos casos em que os períodos menstruais desaparecem e surgem sintomas climatéricos, é recomendada uma terapêutica hormonal de substituição caso a doença de base não seja estimulada por estrogênios e progesterona. E também, eventualmente, a testosterona. A boa notícia é que em pacientes muito jovens à época da quimioterapia, a função ovariana pode permanecer preservada em certo grau e permitir uma gestação espontânea. Contudo, na eventualidade de se necessitar de um tratamento agressivo como a quimioterapia, a recomendação é congelar óvulos antes do início dos ciclos. Inclusive o STJ [Superior Tribunal de Justiça], em 2023, entendeu que essa é uma medida preventiva devido ao risco de infertilidade em relação à cobertura pelos planos de saúde”, assegura a Dra. Hitomi.

Ela explica que a radiação emitida para a zona pélvica pode causar danos para o útero, aumentando o risco de infertilidade, aborto, parto prematuro, havendo indicação de cessão temporária de útero. “Devido a esse fator, é extremamente importante um acompanhamento  médico especializado. Outro ponto é que a realização de radioterapia na região do seio e alguns medicamentos utilizados no tratamento do câncer podem impossibilitar a amamentação”, diz.

A ginecologista também assegura que mudanças ocorrem durante o ciclo reprodutivo das mulheres. Por isso, é necessário o acompanhamento para investigar se estão dentro de um espectro habitual ou são resultado da doença e/ou tratamento. Como dica de preservação da fertilidade, a Dra. Hitomi recomenda o congelamento dos óvulos e do tecido ovariano a depender da faixa etária e função reprodutiva, além da transposição ovariana prévia à radioterapia. Importante destacar que com os avanços proporcionados pelas técnicas de reprodução existem opções para se completar a família, com providências prévias ao tratamento do câncer, sem afetar o prognóstico em muitos dos casos.