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Estudo revela que pandemia piorou qualidade de vida de pacientes com endometriose

Uma pesquisa publicada em 18 de março de 2022 na revista Human Reproduction aponta que a Covid-19 teve impacto negativo significativo na vida de pessoas que sofrem de endometriose, doença considerada uma das maiores causas de infertilidade e que acomete uma em cada dez mulheres na idade reprodutiva. A endometriose pode causar infertilidade por vários mecanismos de ação, inclusive danificar as trompas uterinas, afetar o próprio útero comprometendo a nidação, prejudicar a ovulação além de produzir reações inflamatórias e imunológicas interferindo com a fecundação e implantação embrionária.

O estudo foi conduzido entre novembro de 2020 e janeiro de 2021 a partir de um questionário on-line elaborado pelo departamento de ginecologia e obstetrícia de uma universidade e teve um total de 3024 respondentes de 59 países. Desse total, 2964 participantes ofereceram respostas que possibilitaram uma análise válida.

Resultados – A pesquisa identificou uma piora no estado mental e/ou físico das respondentes: 50% admitiu uma piora em um ou nos dois estados. Os resultados sugerem que essa deterioração de saúde pode ser atribuída ao cancelamento ou adiamento de consultas médicas devido às medidas de segurança contra a disseminação da Covid-19 na época. Essas consultas incluíam tratamento para fertilidade e cirurgias.

Endometriose – É uma condição em que algumas células semelhantes às do endométrio (camada que reveste internamente o útero) se desenvolvem fora do seu local habitual. O endométrio é um tecido glandular, no qual o embrião se fixa ao útero para continuar a sua evolução e que, quando não ocorre a nidação, descama e gera o sangramento característico da menstruação.

Mesmo quando se instala em outras partes do corpo – como ovários, intestino e bexiga –, o tecido que se assemelha ao endométrio ainda responde aos hormônios do ciclo menstrual e sangra, causando inflamação, dores e sofrimento para a mulher.

Entre os sintomas mais comuns estão cólicas menstruais de intensidade progressiva e até extremamente fortes, dores (durante o período menstrual ou fora dele, no baixo abdômen, nas relações sexuais, ao urinar e/ou evacuar), fadiga e diarreia, especialmente durante a menstruação. A endometriose também pode ser assintomática e ser detectada pela dificuldade em engravidar.

Infertilidade – O processo inflamatório crônico da doença pode resultar na obstrução das tubas uterinas e na redução da sua mobilidade, o que prejudica a fecundação ao dificultar ou até mesmo impedir o encontro do óvulo com os espermatozoides.

Outro cenário que pode levar à infertilidade é a presença de cistos de endometriose nos ovários. Existe também a hipótese de que a doença cause alterações inflamatórias e imunológicas no útero e no endométrio que podem atrapalhar na implantação do embrião.

Causas e sintomas – As causas exatas da endometriose permanecem desconhecidas, mas estudos levantam algumas possibilidades, como sistema imunológico deficiente, o crescimento de células embrionárias e a menstruação retrógrada.

O crescimento de células embrionárias refere-se ao fato de que as células do abdômen e da pelve – região que, na mulher, engloba parte do intestino, bexiga, útero e ovários – se originam das mesmas células embrionárias. No momento de diferenciação, algumas podem se tornar células endometrioides e levar à doença.

A menstruação retrógrada acontece quando o sangue da menstruação, que contém células do endométrio, sofre um refluxo para a cavidade pélvica pelas tubas uterinas. As células endometriais instalam-se nas paredes dos órgãos da região pélvica e começam a proliferar pelos próprios estímulos hormonais de um ciclo menstrual habitual.
Predisposição genética e fatores ambientais também podem estar envolvidos.

Diagnóstico e tratamento – O diagnóstico é clínico (por meio da história clínica e exame físico pélvico) e também por realização de exames de imagem como ultrassom, ressonância magnética. Em mulheres assintomáticas, pode não ser necessário qualquer tratamento.

Por Gabriela Brito Conversa | Estratégias de Comunicação Integrada